“All I have
is a voice
To undo the
unfolded lie”
W.H. Auden
Algumas palavras viram tabu
nos dias de hoje.
Rob Riemen em seu livro,
o Eterno Retorno do Fascismo cita a
palavra “problema” como tal para os americanos. Preferem “desafio” para a
situação que antes merecia ser chamada de “problema”. É o fenômeno da negação,
como se negando as palavras se mudariam os fatos. Percebe-se que em muitos
lugares a palavra “fascismo” também é tabu.
Nos movimentos políticos atuais existe a extrema-direita, o
conservadorismo radical, o populismo, mas nada de fascismo. Vivemos em
democracia e seria ofensa dizer que existe o fascismo.
Vocês devem se lembrar de
Albert Camus em seu livro “ A Peste”.
Naquela alegoria do fascismo tudo começa com um médico se deparando com
um rato morto no patamar. No dia seguinte mais ratos mortos que se sucedem. A
eles advêm doentes com os mesmos sintomas de inchaços, erupções cutâneas e delírio
que se traduzirão em morte em quarenta e oito horas.
Todos sabem que se trata de
uma epidemia, mas enquanto for possível será negada a verdade pois não há mais
disso por aqui.
Quando tudo se resolve, enquanto
a multidão eufórica comemorava, o médico não compactua com a declaração
oficial. Ele sabe que o bacilo da peste não morre nem desparece nunca. Pode
ficar dormente por anos, mas chegará o dia em que para desgraça dos homens a
peste acordará seus ratos.
Conclui-se que o bacilo
fascista estará sempre presente no corpo da democracia de massas. Se nos importa combater esta peste, primeiro
temos que admitir que nossa sociedade está contaminada e chamá-lo pelo seu
nome: fascismo!
Não se pode esconder a
cabeça na areia, não se pode negar o problema, é preciso se lembrar que aquele
que não aprende com a história está condenado a vê-la repetir-se.
O fascismo
desemboca no despotismo e na violência.
O prenúncio é a regra substituindo o diálogo. O membro da equipe se torna apenas um servidor do déspota. Em nome da eficiência se penaliza e se institui o terror.
Lentamente a espinha se dobra.
O homem-massa está na sala de espera a apontar o dedo e exigir atenção.
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